ESCASSEZ DAS ÁGUAS:UMA AMEAÇA GLOBAL

Já é fora de questão que a humanidade marcha para uma crise da escassez e da poluição das águas.
Alertas vêm sendo dados por especialistas no assunto e o dia mundial da água (22 de março) vem a ser justamente um dos momentos em que temos que lançar bem alto nosso brado de alerta e nossa preocupação pelas medidas que deveriam estar sendo tomadas já, imediatamente, para que, no futuro, a calamidade não se realize.
Desde que o dia mundial da água foi criado em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco 92) os problemas da escassez e poluição das águas não pararam de crescer. Na Terra, mais de 1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável. 980 milhões de pessoas com menos de 18 anos de idade sem acesso a saneamento, sendo que 280 milhões são crianças com menos de cinco anos, segundo a ONU.
Num relatório de mais de 500 páginas sobre mudanças climáticas, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estimou que 3,9 bilhões de pessoas no mundo podem sofrer com a falta de água até 2030, 1,7 bilhão a mais do que hoje. Isso representa 47% da população mundial estimada para 2030.
Como sempre, as projeções sejam mais dramáticas cabem para nações pobres, no entanto os problemas se acumulam e se generalizam se considerarmos que 2,2 bilhões dessas pessoas que sofrerão por conta da água, estarão distribuídas pelos emergentes do Bric (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China).
O secretário-executivo da Convenção da ONU sobre a Mudança Climática, Yvo de Boer, advertiu que 100 milhões de pessoas poderiam enfrentar uma "séria escassez" de água potável na América Latina e no Caribe nos próximos anos. O analista explicou que o aquecimento do planeta aumentará o risco de inundações e secas, além de fazer com que os furacões na região sejam "mais ferozes" no futuro.
Em uma matéria do último dia 20, em Genebra, o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon alertou que até 2030 a água será a causa número um de guerras na África. Em estudo preparado para o Dia Mundial da Água, a conclusão destaca que o acesso à água será a principal causa de conflitos armados na África, principalmente em regiões pobres que compartilham rios e bacias. “Identificamos 46 países, onde vivem 2,7 bilhões de pessoas, nos quais há alto risco de crises relacionadas à água provocarem conflitos violentos”, diz o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, num artigo publicado no sábado.
Em resumo, as mais diferentes fontes e pesquisas indicam a mesma coisa: a principal disputa no planeta nos próximos 50 anos não será apenas por petróleo, ouro, carvão ou minérios, mas a água vai fazer parte violentamente da agenda de conflitos. Já hoje a escassez e os conseqüentes conflitos regionais – como na África, por exemplo – estão forçando a criação de migrações por conta da falta de água, portanto, de um exército de “refugiados ambientais”.
Ao mesmo tempo cresce a poluição das águas. Atualmente, estima-se que 1,7 milhão de mortes anuais, no mundo inteiro, sejam causadas pelas águas poluídas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao mesmo tempo, se intensifica a mercantilização da água. Os enormes interesses de grandes empresas transnacionais que multiplicaram, nos últimos anos, seus lucros com as privatizações e com o engarrafamento da água.
Ninguém pode esquecer que a água é um recurso finito, que tende a esgotar-se. Das águas da Terra, menos de 3% são doces e, destas, mais de dois terços estão inacessíveis para consumo humano.
Os povos do mundo não vão esperar pacientemente que seus filhos morram, que a água vire mercadoria cara ou que uma minoria consuma água em abundancia e em desperdício enquanto mais de um bilhão padecem de males completamente desnecessários e evitáveis.

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