BRASIL: MAIS ESCOLAS, MENOS PRESÍDIOS

O que parece absurdo acontece no Brasil: o país gasta 11 vezes mais com um presidiário, do que com um aluno da rede estadual de ensino. Da tribuna do Senado falei sobre isto e disse que é urgente, urgentíssimo, que se extinga a DRU (Desvinculação de Receitas da União), mecanismo nocivo, pelo qual se permite desvios de verbas da Educação para outras áreas, prejudicando o futuro de nossas crianças. Ainda bem que o governo manifestou-se favorável à sua extinção, contida em uma proposta de minha colega senadora Ideli Salvatti, que temos de aprovar urgentemente.
Mostrei o quadro negro em que vivemos na Educação. A gradativa baixa da qualidade do ensino. Não é possível uma escola pública funcionar por apenas três horas diárias, porque não se pode ter um processo educativo estilo fast food, mas sim temos que ter salas de aula aparelhadas para se tornarem tão atraentes para os alunos, quanto um cybercafe ou um salão de jogos eletrônicos.
O próprio ministro da Educação, Fernando Haddad, em entrevista à Folha de São Paulo, dias atrás, disse ser preciso acabar com a DRU. E nos mostrou que, em 14 anos, a Educação perdeu quase R$ 100 bilhões em função da DRU, o que significa uma perda média de R$ 7 bilhões por ano. Se continuarmos assim, vamos andar para trás na Educação, tendo que fazer mais presídios e menos escolas, ao contrário do que a sociedade quer, sobretudo suas camadas mais empobrecidas.
O exemplo de Minas Gerais é o espelho das distorções que ocorrem nos investimentos públicos no Brasil. O governo daquele estado gasta, mensalmente, em média, R$ 1.700,00 por presidiário e, pouco mais de R$ 149,00, com cada aluno da rede básica de ensino. Fazendo as contas observa-se que um presidiário custa 11 vezes mais do que um aluno da rede estadual de ensino. Em termos de Brasil, de acordo com o diretor do Departamento Penitenciário Nacional, a média do gasto com cada presidiário é de R$ 1.500,00 por mês. Para mim está suficientemente claro que não construiremos um futuro socialmente justo por este caminho.
O Brasil melhorou em termos de quantidade de alunos atendidos - 97,4% das crianças entre 7 e 14 anos estão sendo atendidas pelo sistema público de ensino -, mas vem piorando muito em qualidade. Lado a lado com mais escolaridade temos que ter melhores escolas, mais qualidade no conteúdo escolar e muito maior assimilação pelo aluno, com a valorização do professor, a começar do seu salário. Recente relatório da UNESCO revela que o Brasil perdeu quatro pontos no ranking da Educação, passando do 72ª posição, para a 76ª, ficando atrás da Bolívia, do Paraguai e do Equador. Não podemos admitir a permanência desta situação.
O discurso na íntegra pode ser acessado neste endereço: http://monkey.hostclass.com.br/~senadorv/pdf/upload/12740ea95a084d7905692913b179ac4f.pdf

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