CAUTELA E MEDIDAS EVITAM FALTA DE ALIMENTOS

Fui hoje à tribuna para pedir cautela nas comemorações pelo fato de o Brasil ter sido considerado internacionalmente como país seguro para se investir e ainda não sofrer problemas sérios de abastecimento, como outros países do mundo. Pedi providências para que o Brasil não venha a sofrer no futuro com a falta de alimentos ou excesso nos seus preços, que inviabilize o consumo para os mais pobres.
Medidas e estratégias simples devem ser tomadas agora, para evitar um desastre na produção de alimentos. Por exemplo: uma ofensiva para diminuir o endividamento público, simplificar o regime tributário, diminuir a taxa de juros e o capital especulativo.
O Brasil não está imune à crise, e prova disso são os aumentos de produtos básicos, como feijão, arroz, carne, macarrão, leite, pão, biscoitos e óleo de soja, que reduziu o poder de compra das camadas mais pobres da população, em especial do universo das 11 mil famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família. O último levantamento feito pelo IBGE mostrou um reajuste médio de 40% nos preços dos produtos citados.
Países, que hoje enfrentam problemas sérios na área de alimentação, também alcançaram o grau de lugar seguro para se investir, mas não conseguiram mantê-lo. A própria ONU admite abertamente que não dispõe de receita para evitar a pobreza na América Latina e que a situação pode tornar-se gravíssima.
Na Nicarágua o preço da tortilla (espécie de massa de pão, base da culinária daquele país) sofreu aumento de 54% em um ano, como conseqüência da inflação de 100% que atingiu o preço do milho em toda a América Central.
O governo da Índia está propondo a suspensão do mercado futuro de alimentos em seu país, onde os preços das commodities dispararam; os países árabes analisam criar um fundo de emergência, para que as nações mais pobres da região possam enfrentar a inflação de alimentos e, na Somália, cinco manifestantes foram mortos em conflito com a polícia, durante um protesto contra a alta dos alimentos. Não dá para nos julgarmos imunes!
Quis, também, como meu discurso de hoje, esclarecer equívocos, que muitas vezes são cometidos na avaliação dos motivos ou de quem ganha com a elevação dos preços dos alimentos. Quando se fala que o feijão ou o pão ficaram mais caros, o primeiro raciocínio de muita gente é o de que o produtor de feijão ou de trigo é quem está ganhando com isso, quando na verdade, fertilizantes, insumos agrícolas e crédito bancário são muito mais responsáveis por esta escalada inflacionária.
Recomendei maior apoio ao produtor do campo, para voltá-lo especialmente ao mercado interno. Os produtores não podem ser responsabilizados pela carestia, sobretudo o pequeno produtor rural, que vive à míngua. A escalada inflacionária, no final das contas, vai engordar os lucros das multinacionais e dos bancos, isto sim.

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