Lendo o noticiário, hoje, fiquei satisfeito ao verificar que está prevalecendo o bom senso na Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre Segurança Alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia, que se realiza em Roma. Há um verdadeiro coro pelo fim do protecionismo, dos subsídios, das barreiras comerciais às exportações, que se constituem na causa principal do aumento dos preços dos alimentos.
O velho discurso de que o Brasil seria o maior responsável, por sua produção de etanol baseado na cana-de-açúcar, perdeu espaço. O presidente Lula, nessa conferência, foi incisivo ao dizer que aqueles que acusam o Brasil de estar ocupando terras com plantio de cana, em detrimento dos alimentos, “têm os dedos sujos de óleo” (nos últimos sete anos o barril de petróleo subiu de U$ 24, para U$ 120, puxando os preços de vários insumos) e também referiu-se aos subsídios como o grande vilão da alta dos preços dos alimentos.
Hoje teve respaldadas suas palavras por vários conferencistas. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, pediu o fim das barreiras às exportações, “que estimulam os aumentos dos preços dos alimentos e afetam as populações mais pobres do planeta”. E foi além: fez uma convocação mundial para que as restrições e as barreiras alfandegárias às exportações sejam eliminadas. “Ou milhões de pessoas têm o que comer ou não têm nada”, enfatizou ele.
O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, avaliou que a situação de escassez de alimentos e ou a falta de acesso a eles pode colocar em perigo a paz e a segurança do mundo. E propôs uma mobilização imediata para garantir ajuda alimentar a 88 milhões de pessoas afetadas pela crise atual. Disse que o problema da segurança alimentar é político e que as destinações dos recursos dependerá das decisões que os governos adotarem”.
Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a produção de alimentos precisa crescer 50% até 2030 para fazer frente ao aumento da demanda, pois já em 2015 a população mundial deve chegar a 7,2 bilhões. E enfatizou: “é preciso rever as políticas comerciais e tarifárias, para diminuir as restrições à exportação e as tarifas para importação, contribuindo para a livre circulação dos bens agrícolas”.
A ministra da Agricultura do Chile, Marigen Hornkohl, por sua vez, cobrou dos países desenvolvidos a eliminação do protecionismo e os subsídios agrícolas, “que são os responsáveis pela atual crise alimentícia”. Para ela, não há desculpas para não se fazer isto, pois o “mundo está preparado para produzir mais e melhores alimentos”.
Espero que prevaleça mesmo o bom senso e que haja vontade política firme para voltarmos nossas políticas públicas, com real e ágil prioridade, no combate à pobreza , para uma globalização interativa e justa em prol do ser humano.
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