JUSTIÇA TRIBUTÁRIA RESGATA POBREZA

Recentes estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgados hoje pela Folha on Line, apontaram justamente para aquilo que, reiteradas vezes, tenho defendido no Senado e, inclusive, neste Blog: maior justiça social, através da justiça tributária, com eliminação, ou redução ao mínimo indispensável, dos impostos indiretos, que incidem sobre os alimentos e, paralelamente a isto, aumento da carga de tributos diretos sobre as classes mais altas.
Cabe a nós apresentarmos as alternativas à proposta de Reforma Tributária do governo, que torna a arrecadação mais simples (com a redução do número de impostos), mas não altera em nada a estrutura dos chamados impostos indiretos, que penaliza as camadas mais pobres da população, tornando praticamente impossível qualquer tentativa de melhorarmos a distribuição de renda no país.
O trabalho do IPEA mostra que, com a eliminação da chamada Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), embutida em bens de consumo, 6,4 milhões de brasileiros deixariam a linha de pobreza, porque o consumo se tornaria mais barato. Aliás, todos os países que reduziram a pobreza, ajustaram sua tributação. O ajuste sugerido, segundo o Instituto, teria efeito na redução da desigualdade três vezes maior do que o programa Bolsa-Família.
Somos um país que tem uma distribuição de renda muito injusta. Basta dizer – e aqui cito novamente dados do IPEA – que os 10% mais ricos detêm 75% da riqueza do país. Enquanto isto, 32,5% dos brasileiros estão abaixo da linha de pobreza, com renda de meio Salário Mínimo. E ainda temos 12,8% da população na linha de miséria, tendo como renda ¼ de Salário Mínimo, per capita. Sem a Cofins, de acordo com aquele Instituto, poderia-se reduzir o percentual do abaixo da linha de pobreza para 29%, o que resultaria em 6,4 milhões de brasileiros superando a linha de pobreza. No outro caso, a redução seria de 12,8%, para 10,3%.
A reforma tributária tem que provocar uma transferência dos tributos indiretos para a cobrança direta, como é o caso do Imposto de Renda. Seria a compensação com a perda da receita provocada pela extinção da Cofins. Conforme sugeriu o IPEA, ao invés de duas faixas tributárias (15% e 27,5%, como atualmente) seriam criadas 12 faixas, podendo o percentual chegar até a 60%, ainda com um imposto extra sobre grandes patrimônios, de 1% ao ano.
Já avançamos em muitos setores, fomos considerados um país seguro para investimentos, precisamos agora ter um desenvolvimento social equivalente. Precisamos de uma reforma tributária com justiça social, para chegarmos à situação dos contribuintes da Suécia, Noruega e tantos outros países que alcançaram maior justiça social, com maior justiça tributária, e têm a garantia de que verão, na forma de hospitais, escolas, estradas e outros serviços públicos de excelente qualidade, a retribuição ao pagamento de seus tributos.

Meu discurso completo sobre o tema acima pode ser acessado neste endereço: http://monkey.hostclass.com.br/~senadorv/pdf/upload/c218ed73f45e46dc6d1c5d33709ead35.pdf

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