Hoje juntei aqui para comentar, três notícias que li na Folha on Line e cujos temas fazem parte de uma preocupação constante de minha parte, que tenho externado com freqüência na tribuna do Senado e também neste Blog. As três têm a ver com a crise mundial de alimentos e com a perspectiva de ela causar danos inimagináveis às populações de mais baixa renda.
Tenho me batido, com pronunciamentos e projetos de lei, em favor de uma reforma tributária que desonere os produtos alimentícios, principalmente aqueles que estão ou deveriam estar diariamente sobre a mesa das famílias de baixa renda. Ao mesmo tempo tenho reivindicado mais investimentos, mais crédito para os agricultores, especialmente os médios e pequenos, incentivando também a agricultura orgânica, que contribuiu para uma vida mais saudável.
Na tribuna tenho repetido que não temos tempo a perder, essas providências são mais do que urgentes, são para ontem, como se diz. Não podemos acreditar que não seremos atingidos, que Deus é brasileiro e que por aqui a crise passará ao largo. Temos que nos antecipar a ela.
As notícias às quais me referi são exemplos dessa urgência, porque a alta dos preços dos alimentos, se não combatida em tempo recorde, vai pôr abaixo todo e qualquer avanço que os povos possam ter obtido neste controvertido processo chamado globalização. Não se pode atingir os povos em seu direito básico à alimentação, sem que isto tenha conseqüências funestas.
A triste primeira notícia diz que a crise poderá deixar 100 milhões na miséria, abaixo da linha de pobreza. A advertência do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon e do presidente do Banco Mundial (BIRD), Robert Zoellick, foi feita durante a última reunião dos líderes do G8 (formado pelas países mais industrializados, EUA, Canadá, Inglaterra, Japão, Alemanha, França, Itália e Rússia) com governantes africanos.
Zoellick disse que é preciso haver um comprometimento dos países mais ricos. Para investimentos em projetos como irrigação, especialmente na África, o que, em seu entender, servirá para expandir as lavouras e pode ajudar a combater a escassez global de alimentos. Na segunda notícia, a Comissão Européia diz que vai propor a criação de um fundo para ajudar os agricultores dos países em desenvolvimento, de modo a incrementar a produção de alimentos. Espero que estas providência sejam realmente tomadas. Os ricos não podem continuar pensando que moram em uma ilha paradisíaca, cercados de um mar de miséria e um tsunami nunca os atingirá.
A terceira notícia já nos atinge diretamente. O Índice de Preços ao Consumidor – classe 1 – aquele que se baseia nas despesas feitas pelas famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos, nos últimos 12 meses acumulou um percentual de 9,11%, o maior registrado pela série histórica do índice, conforme dados da Fundação Getúlio Vargas. Os itens que mais pesaram foram o arroz, o feijão, a batata-inglesa e as carnes.
Tudo nos comprova a imprescindibilidade de nos anteciparmos a um desastre maior.
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