E OS MAIS POBRES JÁ ESTÃO PAGANDO A CONTA

Hoje conclamei o Ministério Público e os órgãos de defesa do consumidor a agirem com presteza contra expedientes de aumentos de preços, em algumas redes de grandes supermercados, que se configuram claramente como comportamentos inflacionários do passado e se utilizam da crise financeira atual, para adotar uma tática criminosa.
Estão com a palavra agora o Ministério Público e os órgãos de defesa do consumidor, porque inclusive citei, da tribuna do Senado, o caso de um grande supermercado de Brasília, que estava vendendo o quilo de contra-filé a R$ 22,40, no último dia 19, provocando comentários revoltados de consumidores, que manifestavam sua opinião de que todos deveriam deixar a carne apodrecer no açougue, como forma de protesto e de influir na redução do preço.
Informei ainda, que os consumidores me informaram ter encontrado no mesmo dia, o mesmo corte de carne a R$ 12,90 o quilo, em um pequeno mercado de um condomínio, que seguramente, pelo menor volume de compra dos frigoríficos, poderia ter seu preço de custo aumentado.
Entretanto, para surpresa desses consumidores, o proprietário disse que não tivera aumento de preço na compra da carne e que, portanto, não via motivo para aumentar o preço para seus fregueses. Esta é a conduta certa, honesta. E uma prova do comportamento de inflação inercial que grandes redes de supermercado estão adotando e que precisa ser imediatamente combatido.
Tenho feito constantes alertas às autoridades sobre a possibilidade de que uma crise internacional, derivada da especulação financeira, possa refletir-se nas camadas mais pobres da população, que nunca participaram do cassino global e que poderão agora pagar a conta. Não é mais uma possibilidade, infelizmente, já é uma realidade.
Nos últimos dias tenho advertido - e os leitores deste meu blog sabem disso - sobre a necessidade de o governo não se limitar apenas a ajuda financeira aos bancos. Mas sim elaborar um pacote social para evitar que os mais pobres paguem a conta daqueles mais ricos, que não apostaram na economia real, na produção, mas sim na especulação, no ganho fácil e que o tempo mostrou que estava errado.

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