A disparada do preço da carne para o consumidor é um forte indício dos prejuízos que a população pode ainda sofrer com a crise financeira mundial. Usei a tribuna para alertar sobre o risco de que os mais frágeis, que jamais participaram de especulações financeiras, tenham que pagar o pato por aqueles que, ao invés de investirem em algo produtivo, preferiram apostar na roleta do cassino global.
É preciso proteger a economia da grande massa da população e cobrei isto das autoridades competentes. Em poucos dias o reajuste médio dos preços da carne foi de 21%, sendo que no caso do contra-filé ele alcançou a 54%, pulando de R$ 12,90 para R$ 19,90. Tenho convicção de que o aumento do preço da carne ao consumidor aconteceu porque os frigoríficos preferirem vender a carne para o exterior e faturar mais com a alta do dólar.
O resultado dessa política é que a maior parte da produção termina sendo exportada e a pior carne é a que fica para o mercado interno. Aquela carne que o consumidor do exterior não aceita comprar e que nos chega mais cara. Os frigoríficos também participaram do “cassino”, aplicando dinheiro em apostas no câmbio, captando recursos no exterior e aplicando em juros no Brasil, apostando na alta do real frente ao dólar e nos ganhos financeiros que tiravam desta aposta.
A aposta deu errada, a crise chegou, o preço da moeda disparou e a resposta dos frigoríficos não se fez esperar: intensificação das exportações de carne nos últimos dias, para recuperar parte dos prejuízos das suas apostas em mercados de câmbio. Nas costas do consumidor! É tempo de agir para que a conta seja enviada apenas para quem estava dentro do cassino!
Mas a farra acabou e é hora de tirar lições, não aceitando passivamente governos salvando e estatizando bancos, socializando prejuízos privados, sem grandes preocupações com o contribuinte. Daí a razão de tornar-se necessário no Brasil um pacote não financeiro, mas social, que preserve a população, especialmente a mais carente, de pagar a conta dos reflexos do choque da especulação financeira com a economia real e passar a investir largamente nesta última, na economia baseada na produção.
Comentários
19 de outubro de 2008
EStimado Senador Valadares,
Tudo bem?
Sua análise e posição demonstram que o velho e glorioso PSB está vivo e disposto a cumprir sua missão fundamental que é a de acabar com as desiguladades.
O Vermelho de nossa bandeira não deve envergonhar ninguém, ao contrário, deve ser sempre relembrado, ostentado e reverenciado como registro histórico do muito de sangue e de vida que se deu - sem ceder aos mimos do Poder – que se ganhou e se perdeu. E que em se perdendo se ganhou, pois a luta justa e necessária foi e há que ser combatida, e o bom combate deve ser travado para nos dignificar e prestar respeito às figuras e quadros históricos de nosso querido e aguerrido PSB em favor do Povo Brasileiro.
Senador Valadares, sua vigorosa e sábia proposta sobre um Pacote Social e uma economia pautada na produção e no consumo internos e de qualidade, apesar de tardios para um Partido e governo que estão no segundo mandato, merece e requer urgência urgentíssima por parte de todos os quadros parlamentares em todo o Brasil, antes que seja demasiado tarde demais – redundância servível para impactar – para as classes menos aquinhoadas do Povo que, certamente não participaram deste cassino bandido, que levou muitos ao desespero, à dor e à morte.
Que seu brado seja convertido em ação no parlamento e dentro do PSB e no Brasil, a fim de que seja fértil e reproduza efeitos e frutos bons e imediatos para saciar a fome dos que já têm endereço e CEP, pois já constam em terríveis pesquisas sociais e econômicas.
O PSB e seus militantes têm que lutar muito para deixar de lutar para e pelos miseráveis. Nossa tarefa é erradicar com a miséria e só lutando sem cessar que conseguiremos atingir nossa meta fundamental.
Saudações socialistas com liberdades, pelo Fome Zero! e pela Soberania do Brasil!
Fernando, O Claro.blogspot.com.br