O BRASIL MENOS VULNERÁVEL ÀS CRISES INTERNACIONAIS

A construção de habitações, que tem um grande efeito multiplicador na economia, foi acelerada com a abertura de linhas de crédito mais vantajosas. Embora muitos não comentem, um dos fatores que mais contribuíram para o enfrentamento da crise financeira internacional e o aumento das defesas do país foi o de acabar com o atrelamento da dívida doméstica ao dólar.
Cerca de 40% da dívida do Brasil era atrelada ao dólar. Toda vez que subia o dólar, como está acontecendo agora com o solavanco da crise mundial, a dívida nacional também subia. Como o governo é credor em dólar, o valor da dívida cai com a valorização dessa moeda. Temos reservas internacionais que alcançam a cifra astronômica de U$$ 203,4 milhões as quais criam um grande colchão protetor contra as turbulências financeiras.
Hoje o Brasil está muito menos vulnerável às crises internacionais do que em outros períodos, como em 1999, quando zeramos as nossas reservas, isto é, quebramos, e tivemos que recorrer a auxílio externo, do contrário teríamos de decretar mais uma moratória, o que levaria o Brasil ao descrédito perante o mercado mundial, ficando impedido de atrair investimentos produtivos, tão necessários à geração de novos empregos. A crise está batendo à nossa porta e vai durar algum tempo até que seja domada em todo o mundo, mas o Brasil está preparado para exercer o seu papel de uma Nação responsável, que soube construir instrumentos de defesa de sua economia.
Entretanto, não penso nem por um instante em subestimar a crise mundial: ela pode ser a mais séria e mais grave em muitas gerações. Pode haver grande problema de divisas e também de encolhimento do crédito. Se a crise chegar a esta profundidade que muitos especialistas estão imaginando, naturalmente o quadro da economia nacional poderá ficar mais grave. Em especial se houver fuga maciça de capitais, situação que poderia nos conduzir a uma crise imprevisível, por conta do tamanho da nossa dívida pública que seria afetada por esse movimento de capitais para fora. Mas acredito que o governo ainda conta com outros instrumentos. Pode, por exemplo, baixar as taxas de juros, procurar investir mais no PAC, ampliar os serviços públicos ligados a áreas mais carentes e recorrer a todos os mecanismos cambiais, monetários e de macro-economia para não ficar refém da crise.

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