ÁGUA: SOCIEDADE E GOVERNOS PRECISAM REFLETIR SOBRE A FORMA DE TRATÁ-LA

Possuímos um bem precioso que não temos o direito de desperdiçar e, tampouco, de descuidar. Tudo que fizermos contra a natureza, certamente se voltará contra nós. Este bem inestimável chama-se água. Somos uma nação privilegiada sob o aspecto hídrico, pois contamos com uma das maiores reservas do mundo, concentrando algo em torno de 15% da água superficial disponível no planeta.
Domingo passado foi comemorado o Dia Mundial da Água. Mas não temos muito a comemorar pelo tratamento que estamos dispensando a este bem inestimável. Segundo estudo feito por 423 pesquisadores, 830 monitores e 1.500 voluntários, chamado de “O Estado Real das Águas no Brasil”, foram identificadas 20.760 áreas de contaminação em todo o país.
A poluição nas águas brasileiras aumentou 280% em quatro anos! E atinge 70% das águas dos rios, lagos e lagoas, que se tornaram impróprias para o consumo. Vejam a magnitude desses números, caros leitores, e avaliem a seriedade do problema que temos.
E, como disse a princípio, a natureza responde à agressão sofrida, inexoravelmente. Basta ver que 65% das internações hospitalares no país, principalmente de crianças, são causadas por doenças originadas pelo contato ou ingestão de água contaminada.
Nossos investimentos em saneamento, entretanto, representam apenas 0,22% do Produto Interno Bruto (PIB), o que é muito pouco, especialmente se atentarmos para o fato de que, a cada real investido em obras de saneamento, obtém-se uma economia de quatro reais em internações hospitalares. Isto sem falar nas vidas que são poupadas.
Acho que estamos correndo contra o relógio, não apenas em relação à água, que continuamos a desperdiçar e descuidar – cada pessoa precisa de 40 litros de água por dia, mas a média brasileira é de 200 litros – como também ao conjunto das agressões ambientais, como se não nos importássemos com o futuro de nossos descendentes e como se os bens naturais fossem inesgotáveis.

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