Citei hoje, da tribuna do Senado, as afirmações feitas ontem pelo presidente do Banco Mundial (BIRD), Robert Zoellick, em mais uma reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), de que ninguém sabe o quanto a crise financeira econômica mundial vai durar e que os pobres são os que estão sofrendo mais com ela. Então conclamei a união dos governantes de todas as esferas (municipal, estadual e federal) para uma política social ainda mais agressiva, que inclua a geração de empregos, com investimentos em infra-estrutura e construção civil.
E se é verdade que o Brasil está mais preparado para enfrentar a crise, deve ser também verdade que devemos agir mais cedo, preventivamente, regra que vale igualmente para a praga da gripe suína, que está na pauta mundial de emergências. Acho que deve ser estabelecido um círculo virtuoso de geração de empregos onde eles são mais necessários, como nas áreas de saúde e educação.
Tenho fortes motivos para estar preocupado com a situação, pois soube que o Banco Mundial (BIRD) vai divulgar até o final deste mês um estudo detalhado sobre o provável adiamento das metas de combate à pobreza nos países latino-americanos e que a instituição está preocupada com a crise econômica mundial e seu impacto sobre os programas governamentais da região, que buscavam a redução gradativa do estoque de pobreza e indigência.
O crescimento econômico recente, mesmo não tendo sido alto, permitiu mudanças para melhor na pobreza. Vários estudiosos admitem isto. E, para essas mudanças, foram importantes os programas sociais e a aposentadoria rural, o que é reconhecido pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).
Para este organismo da ONU, o êxito no combate à fome e à indigência no continente, ao longo dos últimos anos, é resultado da elevação das taxas de crescimento da renda per capita (3% desde 2003) e da adoção de políticas sociais mais eficazes, com a exigência de contrapartidas, como a Bolsa-Família.
A conclusão de organismos internacionais é o de que a queda nos preços das commodities e a menor arrecadação dos governos ameaçam exportações e programas sociais bem-sucedidos na América Latina, principalmente os países mais dependentes dos EUA, onde a crise foi gerada. Não podemos permitir que isto aconteça e temos que prosseguir com as políticas sociais ainda com maior agressividade.
Endosso às recomendações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), segundo as quais deve ser dada prioridade à adoção de políticas públicas que proporcionem a criação de empregos por todo o país. O que não podemos é deixar de considerar a pobreza e, mais ainda, a miséria, como o grande desafio e o maior problema estratégico de nossa região, a América Latina, especialmente o nosso país, o Brasil, e particularmente o Norte e Nordeste.
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