ATUAL POLÍTICA PARA CITRICULTURA CONCENTRA PRODUÇÃO EM SÃO PAULO E PREJUDICA PEQUENOS PRODUTORES

Ontem cobrei uma política de maior apoio ao pequeno produtor de laranja, que vive uma situação de grande dificuldade na comercialização da fruta . Disse ao presidente do Conselho Administrativo da Defesa Econômica, (CADE) Arthur Bandin, que a atual política para o setor está errada e é preciso mudá-la imediatamente, sob pena de em pouco tempo desaparecerem os pequenos produtores de laranja e a produção concentrar-se totalmente no estado de São Paulo.
Bandin participou ontem pela manhã da audiência pública conjunta da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e de Assuntos Econômicos (CAE), com o objetivo de tratar do problema de concentração da produção de laranja e da indústria de suco no Brasil.
Durante essa audiência afirmei que os pequenos e médios citricultores dos demais estados tendem a desaparecer se a política de governo não interferir no processo atual de convergência da produção para São Paulo. Vai acontecer o mesmo que ocorreu com o algodão que, por falta de uma política adequada, acabou com a cultura no meu estado de Sergipe, onde hoje já não se produz sequer um quilo de algodão.
Cobrei uma mudança na política para a laranja, mas também apresentei sugestões, explicando ao presidente do CADE que em Sergipe, por exemplo, há uma política direcionada para as escolas, cujos estudantes consomem na merenda escolar suco natural de laranja produzido na região. Ainda sugeri que a nova política seja integrada, com participação de produtores, indústria e trabalhadores, sob pena de não se obter os resultados esperados.
Alertei para a grande possibilidade de, se não descentralizarmos a produção e a indústria, daqui a muito pouco tempo teremos grandes latifúndios de produção de laranja e monopólio da indústria de suco em São Paulo.
Segundo dados da Associação Brasileira de Citrocultura, a centralização, tanto de esmagamento e produção de suco, como de área plantada, tem aumentado cada vez mais em São Paulo, em detrimento de outras regiões.
De acordo ainda com a associação, em 2004 a Citrosuco detinha 32% do mercado de suco e a Cutrale, que em 1970 produzia 23%, agora detém 36%. Enquanto isto, as pequenas indústrias que em 1970 abarcavam 13% do mercado, hoje estão apenas com 6,9%. Isto significa perda da força do trabalho, inchação em São Paulo, com as conseqüências que conhecemos, como violência, fome e desemprego.

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