RETALIAÇÕES COMERCIAIS NA IMPORTAÇÃO DE SUCO DE LARANJA NÃO CONDIZEM COM SISTEMA DEMOCRÁTICO

Preocupado com os rumos da citricultura brasileira fui hoje à tribuna fazer um protesto contra a atitude dos EUA, que nos acusam de prática de dumping nas exportações de nosso suco de laranja. A acusação é infundada, mas está prejudicando os produtores e a indústria de suco nacionais, pois aquele país, em retaliação, impôs pesadas sobretaxas na importação.
Somos o maior exportador de suco de laranja do mundo e um dos maiores produtores da fruta e não podemos sofrer acusações de dumping por uma grande potência que “exportou” a crise de seu sistema hipotecário para o resto do mundo e até hoje não teve qualquer atitude de compensação para os danos causados aos países, especialmente aos sub-desenvolvidos e aos que estão em processo de desenvolvimento.
Espero que os EUA, mantendo uma boa relação política com o governo brasileiro, possam deter o processo de retaliação junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e rever sua postura de impor pesadas taxas para a importação do suco de laranja brasileiro.
Os EUA são uma nação exemplo de democracia para o mundo, mas, contraditoriamente, com um sistema econômico fechado e iníquo. A imposição de pesadas sobretaxas é uma política econômica concentradora, exclusivamente capitalista, sem um viés social, e que se volta contra o desenvolvimento de outros países.
Ao chamar a atenção para o fato de os EUA até hoje não ter se preocupado em acudir países que atingiu com sua crise gerada pela especulação financeira no setor imobiliário, elogiei a política do governo Lula para minimizar os danos causados pela situação adversa mundial. Se não fosse a competência do governo brasileiro em agir para a liberação do mercado produtivo, hoje estaríamos com nossa indústria em pandarecos.
Fiz uma referência à matéria publicada pelo jornal Estadão, segundo a qual o Brasil fatura U$ 1,7 bilhão com as exportações de suco de laranja congelado. Da produção brasileira, 60% é adquirido pela União Européia, 20% pelos EUA, 10% pelo Japão, sendo que o percentual dos EUA já foi bem maior, reduzido agora em função da queda nas importações.
Lamento que o mercado interno ainda tenha um consumo ínfimo do produto, que chega a apenas 2% da produção, informando que em Sergipe já se caminha para uma mudança de hábito em prol de maior consumo de laranja e de seu suco, com a adoção de um programa desencadeado pela Embrapa, Conab e governo do Estado, para assegurar o consumo do suco concentrado, produzido na região, na merenda escolar.

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