No último domingo dei uma longa entrevista ao jornalista Habacuque, veiculada pelo jornal Correio de Sergipe, que serve para esclarecer diversos pontos do atual quadro da política brasileira e também do meu estado de Sergipe. Achei por bem reproduzí-la, aqui em meu blog, para conhecimento de todos os meus leitores. Abaixo a íntegra da entrevista:
Entrevista concedida ao jornal Correio de Sergipe, edição de domingo 12/12/2010
Entrevistador: jornalista Habacuque
CS – Em primeiro lugar, o senhor esteve cotado por vários setores da imprensa brasileira como um dos m,inistros do novo governo de Dilma Rousseff (PT). Tem algum fundamento? O senhor chegou a ser convidado ou sondado, ao menos?
Valadares – Nada tenho de oficial para informar. Quem trata de articulações políticas junto à presidente Dilma é o governador Eduardo Campos, que tem o comando do PSB, e toda a legitimidade para conduzir os entendimentos. Acredite no que vou afirmar: a presidente Dilma vai anunciar todo o ministério e o meu nome não constará da relação.
CS – Neste final de semana, a revista Veja diz que o senhor “cobra caro para ser ministro e para dar a vaga de senador a José Eduardo Dutra”. Tem fundamento esta afirmação?
Valadares – Nada pedi à presidente Dilma, nem nada ela me ofereceu. Portanto, essa história da Veja que Eduardo Campos teria me sondado é uma inverdade. A Veja mostra preconceito contra um político do Nordeste ao proclamar que eu estaria cobrando caro para aceitar um ministério. Se fosse o caso, para servir ao Brasil e a Sergipe, aos quais tanto devo, eu o faria e ainda continuaria como devedor eterno. Zé Eduardo é um homem de bem, trata-se de uma figura nacional, com serviços prestados a Sergipe e ao Brasil, respeitado por todos, e nunca se prestaria a fazer uma negociação política para dar uma imagem negativa de seu passado. E quem me conhece em Sergipe, sabe muito bem da minha conduta ética para fazer tais investidas, visando unicamente o poder. Faço a política do bem, e, por este motivo é que o voto consciente me reconduziu ao terceiro mandato como senador.
CS – Depois de ser decisivo na eleição de Dilma Rousseff, o senhor não acha que o Nordeste brasileiro não deveria ser mais “prestigiado” ou, até respeitado? Se temos bons gestores na nossa região, o que falta? Força política?
Valadares – De fato o Nordeste deu uma indiscutível contribuição à vitória da presidente Dilma. Por isso eu acredito que bons gestores de nossa região serão certamente convocados para uma colaboração que possa qualificar mais ainda o futuro governo. Às vezes o mais importante nem é o ministério. Existem muitos órgãos da administração indireta do governo federal que têm mais poder de executoriedade ou de ação que alguns ministérios. Os governadores do Nordeste têm que estar atentos e se unirem em torno dessa estratégia.
CS – O senhor é conhecido por conversar muito com seu grupo político antes de tomar qualquer decisão sobre o futuro. Reeleito senador por mais oito anos, realmente é grande a possibilidade de o senhor voltar a disputar o governo de Sergipe em 2014?
Valadares - Estamos ainda muito distantes da eleição para governador. Todavia, assim como todos os partidos, o PSB deverá se estruturar para a eventualidade de uma disputa majoritária. O partido que não cria perspectiva de alcançar o poder tende a definhar e morrer.
CS – Se ventilou a informação de que, se candidato em 2014, o senhor já iniciaria sua pré-campanha em 2011. Este é realmente o pensamento de seu grupo político? Chegou a hora do PSB aqui no estado?
Valadares – Na verdade, o que eu, por exemplo, pretendo fazer em 2011 é trabalhar no Senado, cumprindo as minhas promessas de campanha. Ajudar no que for possível ao governo de Dilma, defendendo e aperfeiçoando suas propostas para que o êxito de sua administração se reflita na melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros. Somar-me a Déda para que ele realize um grande governo. Todos os integrantes do PSB têm esse mesmo pensamento. Então tudo nos conduz a uma ampla participação nas decisões políticas do futuro, sem desprezar a importância dos demais partidos que compõem nosso bloco.
CS – Com a vitória do seu filho nas urnas, pode se considerar que essa foi a eleição mais difícil para seu grupo político, seja pelos adversários, seja pelas adversidades da campanha?
Valadares – Considero que a vitória de Valadares Filho para a Câmara dos Deputados foi mais fácil do que da primeira vez porque ele passou quatro anos fortalecendo os municípios, trabalhando em parceria com os prefeitos e prestigiando as lideranças. Colheu os frutos, obtendo quase 100 mil votos e o segundo lugar entre os eleitos. A minha campanha foi mais difícil porque na eleição para o Senado só dois podiam ser eleitos e havia pelo menos quatro candidatos em condição de ganhar a disputa.
CS – E quanto a Aracaju, senador. O PSB esteve na base dos governos de Marcelo Déda (PT) e agora de Edvaldo Nogueira (PCdoB). Outros partidos aliados já se movimentam para anunciar que terão candidatos próprios na capital. Seu partido também terá candidato em Aracaju?
Valadares – Teremos que aguardar alguns meses para uma melhor avaliação do quadro político. Reconhecemos que o prefeito Edvaldo Nogueira está tomando iniciativas que fortalecerão e muito o nosso campo político nesses próximos dois anos, empreendendo ações em todos os bairros de Aracaju, desde a periferia até o centro, que ajudarão a convencer o eleitorado a acompanhar uma proposta que seja a continuidade de um projeto que trás a preocupação com a modernidade, a qualidade de vida, a transparência e a ética. Por outro lado, também não podemos esquecer que o governador Déda terá um papel estratégico a desempenhar em favor de nossa capital, reealizando obras em favor de nossa capital, que já fazem parte de seu bem elaborado plano de governo.
CS – Sobre a eleição da Mesa Diretora, na Assembléia Legislativa, o deputado estadual Adelson Barreto (PSB) está sendo cotado para assumir a 1ª Secretaria daquela Casa. Este é o desejo de seu partido, de seu grupo político?
Valadares – Claro. Adelson tem todo merecimento. Foi o deputado estadual mais votado de Sergipe em retribuição ao que ele faz pela pobreza. Se nós soubéssemos que ele estouraria nas urnas, quando teve a maior votação já obtida por um deputado estadual em toda a nossa história, o PSB o teria lançado como candidato a deputado federal. Foram mais de 62 mil votos. Ninguém o supera em dedicação e paciência num convívio permanente com a população. Será um prêmio de todos os colegas da Assembléia Legislativa em reconhecimento ao seu extraordinário trabalho e à sua assiduidade a todas as sessões.
CS – Falando em participação, agora em dezembro o governador Marcelo Déda já deve ter iniciado as conversações para a formação do novo secretariado. O senhor já foi procurado neste sentido? O principal objetivo de seu partido é manter as secretarias atuais ou quer ter mais espaço?
Valadares – Já iniciamos as conversas. O PSB terá seu espaço no governo. E nos sentimos honrados com essa convocação do governador Marcelo Déda.
CS – Os nomes como Benivaldo Chagas, Paulo Viana e Maurício Pimentel interessam ao partido que fiquem onde estão ou o PSB pode apresentar outros nomes ao governador? Existe realmente a possibilidade de Elber Filho ou Danilo Segundo também participarem do novo governo?
Valadares – Agora eu não devo anunciar. São todos merecedores da confiança e do respeito do nosso partido. Caberá ao governador fazê-lo depois que tomar as suas decisões.
CS – Para encerrar, o senhor tem uma boa notícia para o município de Aracaju, em especial, com relação a um empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Do que se trata?
Valadares – O prefeito Edvaldo Nogueira negociou junto ao BID um financiamento da ordem de 30 milhões de dólares para obras importantíssimas em Aracaju. Esses recursos aprovados pelo Senado serão aplicados em obras de infraestrutura, sobretudo de drenagem e pavimentação, em áreas carentes da cidade, e da implantação de equipamentos públicos nas localidades contempladas, como creches. É o projeto Procidades/BID-Aracaju que prevê a abertura de um novo eixo viário, ligando o bairro Jardins ao Santa Maria. A Prefeitura de Aracaju vai construir ruas e avenidas para reduzir os engarrafamentos em pontos movimentados da cidade.
O novo eixo viário passará pela ponte procurador de Justiça Gilberto Vila-Nova de Carvalho, que já está sendo construída pela Prefeitura de Aracaju. A ponte passa sobre o rio Poxim e interliga a avenida Tancredo Neves ao bairro Farolândia.
Esse financiamento a ser pago em até 25 anos, passou aqui no Senado e eu ajudei a aprová-lo nas comissões, junto com o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), e, afinal no plenário, tudo em um só dia, neste período um tanto difícil para conseguirmos quorum.
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