Ainda vai rolar muita água embaixo da ponte antes que seja aprovada a Reforma Política e, para que ela realmente atenda aos anseios da sociedade, é a pressão popular que vai movimentar essa água. Foi isso que enfatizei hoje durante ato de lançamento da Frente pela Reforma Política com Participação Popular, composta por deputados e senadores, e que contou com a participação de várias lideranças da sociedade civil, como sindicatos de trabalhadores, organizações não-governamentais e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Quando iniciei minha fala para aquela grande platéia que compareceu ao lançamento da Frente, disse que estava presente à solenidade como membro da Comissão de Reforma Política do Senado, como representante do PSB e de todos eles. E não me furtei de fazer críticas à Comissão Especial. Para ser leal, honesto com todos, tinha que dizer que na comissão que integro não há a preocupação com a participação intensa da sociedade; todos os seus integrantes apresentam fórmulas de mudança nos sistemas político e eleitoral que interessam a seus partidos e, alertei que se ficarmos de braços cruzados, a espera de um milagre, aquilo que é essencial na reforma, como a transparência na política, o fortalecimento dos partidos e o combate severo à corrupção acabará não acontecendo.
Falei isso após ouvir representantes da sociedade civil, que demonstraram o temor de que a reforma também desta vez não seja para valer, diante das decepções sofridas com tentativas anteriores de mudanças nos sistema político e eleitoral brasileiros. Vou levar à Comissão do Senado, na próxima reunião, tudo que ouvi dos representantes da sociedade civil, porque todos nós não queremos que restem janelinhas para interesses particulares e econômicos e a população está farta de escândalos propiciados por um sistema político falho, defeituoso, com uma porta aberta para a corrupção, para lesar o erário.
É preciso que o pluripartidarismo previsto em nossa Constituição seja obedecido e, sob hipótese alguma, pode prevalecer o bipartidarismo. Mas o que se vê na Comissão do Senado é a luta dos grandes partidos para alijar os pequenos. Lembrei, ainda, da pressão da sociedade sobre o Congresso, que levou à elaboração da lei contra a compra de voto e, da iniciativa popular, que provocou a aprovação do projeto da ficha limpa, de modo que políticos com comportamento incompatível com a natureza do cargo, participassem das eleições, mas não pudessem assumir.
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