SAÚDE PÚBLICA TEM QUE SE CAPACITAR PARA ATENDER AUTISTAS NO BRASIL

   A necessidade de maiores investimentos em pesquisas sobre o autismo, e a capacitação do Sistema Único de Saúde (SUS), para o atendimento de portadores dessa síndrome, foi a tônica do discurso discurso que fiz hoje no Senado. E  parabenizei a Casa por ter-se integrado à luta pela conscientização de uma síndrome complexa, que atinge uma em cada 110 crianças no mundo.

 A Organização das Nações Unidas (ONU) decretou o dia 02 de abril como o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo e o evento é mundial. No Brasil, nesse dia, sábado último, o Senado permaneceu iluminado de azul, cor simbólica do evento. Também foram iluminados de azul o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro e, em Aracaju, a luz azul esteve acesa na Associação de Amigos do Autista em Sergipe, a AMAS-SE.

 Lembrei que muitas pesquisas ao redor do mundo tentam descobrir as causas, intervenções mais eficazes e a tão esperada cura, mas  que atualmente diversos tratamentos podem tornar a qualidade de vida da pessoa com autismo sensivelmente melhor. Citei o brasileiro Alysson Muotri, que conseguiu um primeiro passo para a possibilidade de uma futura cura. Esse cientista curou um neurônio autista em laboratório e trabalha no progresso de sua técnica na Universidade de San Diego.

Mas a verdade é que ainda sabemos muito pouco a respeito do autismo e o Brasil precisa investir mais em pesquisas sobre o tema, bem como avançar em uma legislação que priorize o autismo como caso de saúde pública em todo o país, com banco de dados, estatísticas, assim como na capacitação dos profissionais de saúde pública e centros especializados.

 Lembrei que, em Aracaju, foi uma mãe de autista, dona Maria do Carmo, quem fundou a AMAS, agrupando outras mães na sua mesma condição, na luta por um local de atenção múltipla a seu filho, para suprir o que o Estado deixou de fazer.

Enfatizou que as mães e pais da AMAS-SE travam uma luta sem tréguas para manter a associação, dependendo da boa vontade de políticos para obter uma emenda orçamentária que lhes dê recursos para garantir a continuidade do trabalho de tratamento, atenção, carinho e socialização que executam.

Ao finalizar meu discurso, disse ter ajudado financeiramente a AMAS-SE com uma emenda orçamentária, mas que meu desejo vai muito além disso: o que quero aqui - disse - é alertar as autoridades, governantes, toda a sociedade para que políticas de saúde pública sejam criadas para o diagnóstico e tratamento do autismo e que o SUS seja capacitado para o atendimento, pois os tratamentos mais eficientes, disponíveis hoje, são muito caros e, como sempre, a população mais pobre é a mais atingida.
   

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