AUDIÊNCIA PÚBLICA REÚNE DEFENSORES DA REDUÇÃO DO USO DE AGROTÓXICOS EM BUSCA DE ALIMENTOS MAIS SAUDÁVEIS

 Foto de Aline Guedes

Presidi hoje pela manhã, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado (CRA), uma audiência pública que requeri à comissão sobre o uso e o consumo de agrotóxicos no Brasil.

Participaram da audiência, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente, Marcelo Augusto Boechat Morandi; o representante da Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida, Vicente Eduardo Soares e Almeida, que também é pesquisador da Embrapa Hortaliças; o representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Luiz Carlos Meireles; e o diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher.

Como argumento para a realização dessa audiência pública, apoiada também pelo senador Blairo Maggi (PR-MT), falei sobre o  conhecimento de alguns dados que me causaram perplexidade: na última safra nada enos do que 1 bilhão de litros de agrotóxicos foram utilizados na produção de alimentos, o que equivale aproximadamente ao consumo de 5 litros de agrotóxico por cada brasileiro. Ou seja, o Brasil é o campeão mundial no consumo de agrotóxicos.

O mais grave no uso intensivo de agrotóxicos é o dano causado à saúde pública, prejudicando não só quem consome, como também os trabalhadores rurais que manejam tais substância químicas.

Outro problema é o fato de que seis grandes empresas multinacionais concentram o bilionário mercado dos agrotóxicos.  No ano passado, essas empresas tiveram um faturamento líquido de US$ 18,2 bilhões com a produção de defensivos agrícolas, adubos e fertilizantes, segundo dados da Associação Brasileira de Indústria Química.

As empresas que fabricam os agrotóxicos são as mesmas que produzem as sementes, de modo que, da semeadura à colheita, a lavoura é dependente de fertilizantes, agrotóxicos, hormônios e herbicidas que se tornam indispensáveis ao ciclo da  nossa produção e é preciso mudar isso.

Os debatedores da audiência pública deixaram claro que o aumento da produção agrícola brasileira, com redução do uso de agrotóxicos, exige substituição do modelo de produção adotado no país. Já existem tecnologias para produzir alimentos de forma mais ecológica, mas é preciso incentivo estatal para adotá-las.

Já adiantei parte do caminho para se chegar a alimentos mais saudáveis, sem uso de agrotóxicos. Sou autor de um projeto de lei, que tramita nas comissões do Senado, para que o governo conceda incentivos à agricultura orgânica, ainda com custos de produção muito altos, de modo que eles possam ser reduzidos. Desta forma, os preços ao consumidor também cairão e se tornarão acessíveis às populações com menor poder aquisitivo, que hoje não têm essa oportunidade.

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